terça-feira, 26 de agosto de 2014

Exorcizando o excesso de passado:

No agora tudo parece convergir, todas conversas, todos os acasos, as pequenas coincidências, todos os olhares distantes... No agora há aquela certeza dolorosa, mais dolorosa do que as madrugadas de duvida em que compartilhamos o seu desespero.
Porem ainda há uma parte que trocaria as madrugadas do agora por aquelas em o telefone era a única conexão para não te fazer desistir de si mesmo. Não acredito que em momento algum tenha te salvado, vejo de algum modo agora, que você nunca quis o fim, apenas tinha um medo muito grande do amanhecer... E no agora eu entendo, sem duvida alguma o amanhecer é a pior parte.
Nas madrugadas do agora há a dor, mas minha mente ousou perscrutar cada momento do passado, cada segundo, cada convergência. Tudo começou tão rápido, tão intenso, como se a vida toda fosse uma preparação para aquele encontro, como se o feitos um para o outro fosse real... Mas a verdade é que não se pode esperar muito de um sentimento que literalmente começou nas nuvens.
Uma vez ouvi que depressão é o excesso de passado no presente, e há tanto passado em você, talvez por isso as nuvens, você sempre fugindo do passado, mas sem dar chance ao futuro.
No agora, sinto muito passado em mim, um passado que você deixou, e em alguns momentos me agarro a raiva, digo que ela é minha amiga, me impulsiona pra frente, pra longe do seu passado, do passado na forma de você.
Lembro me de uma discussão sobre os 5 estágios de pré morte e o luto, como isso agora parece tão indelevelmente providencial e irônico, era onde eu deveria ter percebido tudo, mas estava muito confiante, acreditei que você era mais uma das minhas vitorias, meu ano perfeito, tudo se encaixando, mas a verdade mórbida era que algo a muito tempo morreu em você e viver no passado te fez tornar se ele, perdeu sua identidade justamente para aquilo (e aquele) que te causa mais dor, mais uma vez irônico tornar se algo que se odeia.
Mas é foi minha grande saída, da dor, do passado, de você. Vi que a raiva não é minha amiga, mas foi sua. Não me permito te odiar, também já não o amo, porem me liberto para que não sinta por você o que sentiu por seu passado, pois no agora você é o meu passado e esse ciclo vicioso acaba aqui, não me tornarei o que odeio, o que me feriu não será meu meio de ferir. Entenda não estou oferecendo a outra face, não sou esse tipo de idiota, nem mesmo me sento sublime a ponto de uma total abstração, somente estou rompendo com esse pacto de dor, afinal ele é seu e não meu, mesmo que você o tenha causado a mim também, assim como cada objeto que devolvi assim também devolvo seu excesso de passado.

Percebi que esses meses foram uma ilusão, que em parte sim aproveitei, mas uma ilusão por eu ter me anulado, devo assumir por sua causa eu não criei nada nestes meses, mas foi ficar sem você e estou novamente fazendo boa arte, cometendo erros fantásticos, como diria Neil Gaiman. Sou ateu, mas pequei ao trocar minhas asas pelo seu passado.  Mas no agora eu as sinto novamente, por que no agora não há mais o excesso de você.